Wednesday, November 26, 2008

Ares de Novembro


Dia 6 Novembro,


A neura. Dormi pessimamente, insónias, turbilhão, pesadelo, transpirei imenso. Perdi todos os meus horários do dia seguinte, todas a aulas importantes. Achei que descansar era o mais importante. Acordei à 13h. Perdi já o embalo para o dia todo. Estava cansada e transtornada. Não me lembro daquilo que sonhei. Não tenho razões para estar tão perdida, deprimida. Quero acelerar. Vou para a banheira, despacho-me, penso em trabalhar o dia todo, preciso de me sentir útil. Se mergulhar no trabalho, quando tiver que pensar no resto os sentimentos que me atromentam os pensamentos já devem estar mais calmos. Passou a tarde toda sem lógica nenhuma, as horas passaram num instante, e o mais útil que fiz foi coser uma mala. Não me apetecia estar com ninguém. Apeteceu me mimos da mãe, que acalmam. Mimos da Raquel, a minha melhor amiga, que sossegam. Não me apeteciam mimos dele. Não consigo ser muito sincera comigo, porque me manipulo um bocado. Ontem (dia 5) estava ansiosa por estar com ele, ele chegou... e eu feliz feliz. De repente, quebrei. Ele foi embora e já só queria estar sozinha. Não é nada com ele. Mas é um sufoco ter que prometer, prestar, dar, receber. Entao fiquei sozinha. Entao tive que explicar-lhe porquê a mudança de um dia para o outro. Disse-lhe que eu era sempre assim, dedicada e egoísta. Ele diz que joga «all in» e que acha que consegue lidar com isto. Ele não é seguro, mas tem uma maneira segura de lidar comigo. Não sei quem quero, e para alem do cliché intemporal do «querer ser feliz», quero mesmo é saber o que é que me faz mais feliz. Não estou mal sozinha. Mas estar bem é mais do que não estar mal. E tem que ser com outra pessoa?
Agora estou mais calma.. nestes dias maus.. quando vem a noite fico mais feliz, é porque está no fim e amanhã tenho desculpa para começar tudo de novo. A minha mãe diz que é o meu Ego que faz com que me feche em casa, nestes dias, e consequentemente faz com que me sinta pior: «Como se perdesses dez tostões por mostrares ao mundo que não estás bem com alguma coisa». Não é este o problema, mas é sempre uma caracterísitca dos meus dias problemáticos.


Em vinte dias que passaram desde então, não tenho que prometer, nem prestar, nem dar, nem receber, nem explicar. Continuo dedicada e egoísta, e continuo com ele. Estar bem não tem que ser com outra pessoa. Mas com ele posso estar bem sozinha e posso estar bem com ele. Ele deixa-me desaparecer se eu quiser, e isso é deixar-me a janela aberta.. o que é bom para entrar ar, e não necessáriamente para eu fugir. Estou bem.
São estes os ares de Novembro.

( Ares, é na mitologia grega, o filho de Zeus, ou mais exactamente, o deus da guerra selvagem, ou sede de sangue, ou matança personificada. Sempre houve desconfiança de Ares. A posição de Athena era de guerra estratégica enquanto Ares tendeu a ser a violência imprevisível da guerra.)

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