Sunday, May 20, 2012

Outra vez 20 de Maio. Agora, de 2012.

Hoje sinto-me mais pequena que tudo
tudo é maior que eu própria
E cada minuto de paz que passa parece que não se vai repetir
Não há medo mas há um grande silencio
Sobre aquilo que se fará cumprir
São elevados os propósitos
que não sem dor irão surgir.

Muita dúvida e inquietude.
Face à sabedoria maior que hoje reclama equilíbrio.
Tudo o que está a mais será reduzido.
Tudo o que falta virá de forma surpreendente.
Que seja restituído na Terra o Amor entre os Homens.
Vão ser chamados todos aqueles que se afastaram.
Como um pai, deus nenhum gosta de chamar os seus filhos à atenção.
E isso hoje sente-se no ar.

A rapidez com que tudo se move
Com que tudo se altera entre luz e escuridão
A ignorância generalizada sobre aquilo que se passa
A evidência de que a preparação aqui a nada levará
Resta apenas abrir os corações à rendição.
Olhar o céu e amar a vida.

Monday, January 17, 2011

Querido Cavaleiro

Imagina ter medo
Medo sozinho, medo contigo
Medo do que é tarde ou demasiado cedo
Medo de tudo o que não consigo.
Um medo impedido, um medo calado
Como o dos heróis que está todo baralhado.
Espada em punho, peito aberto
Achas que o mundo vai do teu lado e que tu vais do lado certo
Vais com tanta força e vais sem medo
Valentia mais burra eu não concebo
Deixo-me desaparecer em pequenos suspiros
Vou respirando a sorte que cai, como eu,
Nos braços dos heróis adormecidos.





Friday, August 06, 2010

let it be

O fácil que é deixar-me cair. Assusto-me quando me vejo calar e quando deixo de conseguir explicar o que sinto. São tantas emoções, são tantos pensamentos, tanto barulho cá dentro... um desassossego de tal ordem que a boca não me acompanha e desiste. Vamos ver se pelas mãos consigo um escape a esta pressão. Estou assustada, estou baralhada, estou deprimida, estou perdida, estou sozinha, estou zangada, estou cansada. Estou farta das dificuldades preparadas, não por mim, mas por essa qualquer coisa que se mete na minha vida o tempo inteiro. O acaso? O destino? O karma. Não há paciência. É a vida, pronto. A vida podia ser um escorrega invertido (que escorregasse para cima, não para baixo). Num tom meio miserabilista vos digo que a vida não é nada disso, a minha pelo menos. É uma escalada, acidentada, com bichos horrorosos que lá metem o nariz de fora dos buracos, e que eu fecho os olhos e avanço, e com a coragem e determinação que se consegue na altura - que às vezes é nula - e continuo, e avanço com a mão, a outra, o pé, e finalmente quando chego a uma saliência mais segura, desfaz-se. A sério. Eu tenho sorte. Eu não atraio maldade, não me fazem mal. Também porque deixei de deixar que fizessem. Tudo o que posso controlar, observar, antecipar, estou atenta, estou em cima do assunto.  E agora, com esta intuição mais apurada para optar, escolher, seleccionar, preferir, tenho escolhido o melhor do melhor para o que sei de mim. Feliz e contente, perco tudo o que escolho porque há sempre aquela porção de vida que existe para mostrar que nós aqui, não controlamos nada, não escolhemos nada. Por isso, imaginem, que quando a paz chega, quando eu respiro e quando consigo algum silêncio interior, o escorrega invertido fica direito, e caio por ali abaixo. Catrapum, e sem subtileza. Os amigos, os queridos, dizem sempre: Querida, há que aprender com a vida. E eu digo: Queridos, a vida não se aprende. Podemos repensar as nossas escolhas, mas quando falamos do reduto que nos escapa... não se aprende nada, porque não há sabedoria que ponha alguém a  salvo das fatalidades. Aconteceu e pronto. Shit happens. Tomara eu que desse para aprender de tudo. O inesperado só serve para aprendermos que ele existe. E não vou aprender a não ficar pissed off com isso, porque: queridos, faz parte da vida ficarmos pissed-off.

Thursday, May 27, 2010

e tu. o que queres?

Eu só queria que tu dissesses que é possível, que há maneira de conseguirmos o que eu quero porque tu queres que eu consiga o que quero e porque tu queres o mesmo que eu. É numa espécie de escondimento que evito dizer-te o que quero que tu faças. Porque o que eu realmente queria é que tu quisesses fazer o mesmo que eu, da mesma maneira e no mesmo momento que eu. Imagino tudo o que tu queres, mas vejo tanto o que eu quero que nem sei bem o que tu queres. Ou o que tu queres que eu queira.



Eu antes queria ir mais para a frente, queria estar num ponto em que tudo no agora era melhor e muito mais o que eu quero do que o que eu podia sequer pensar em querer naquela altura. Agora do futuro eu só sei querer o que sempre quis, e só sei querer que tu me queiras como quiseste.


Preciso que não queiras que eu seja o que eu nunca quis ser. Preciso que o meu querer te chegue para me quereres. Quero que saibas que sem ti não há mais lugar para querer, porque de nada vale tentar querer o que não se quer.


E por favor, quando me quiseres, quer com muita força, porque a falta de querer provoca dor em quem não é mais querido.

Sunday, April 11, 2010

da escolha

São essas as opções que definem a tua vida, que te dizem quem és. Ou que por outro lado, te atropelam e acabam por fazer de ti o que nunca foste, não és, e que acabarás por ser. Convém que ao olhar para um percurso de vida, te identifiques com as escolhas feitas, com o que viveste e determinou o que és, e sobretudo com aquilo que determinou quem não és. No entanto há alguns momentos em que vivemos nitidamente, em simultâneo, duas opções. Parece-me a mim que quando isso acontece… é porque na verdade, são ambas hipóteses daquilo que não nos interessa verdadeiramente, daquilo que não somos.
É muito difícil fazer escolhas, e mais ainda quando temos consciência, quando olhamos para o filme enquanto espectadores. Vemos claramente o que pode acontecer se escolhermos A ou B, e no fundo, a verdade é que nunca vemos nada. Avaliamos e consideramos apenas com os factores que constam no nosso universo pessoal, havendo então a épica falha do mau julgamento, daquele que se baseia em falsas premissas. E é assim que arriscamos. Devemos ficar gratos ao ritmo das coisas, porque na vida tudo corre num só sentido sem voltar atrás, e de algum modo nós intuímos que é agora o momento para a acção, sem perdermos demasiado tempo em meditação e ponderação. É durante a premeditação que a vida corre, e não volta atrás para ser vivida no momento por nós escolhido. É então no próprio ritmo dos acontecimentos que surge um impulso que mais ou menos consciente nos faz agir, nos faz escolher, viver, e nos faz ser quem somos.
Mas é também o mesmo ritmo que é o dono e autor das más escolhas, “oh tempo volta para trás”. Não volta. Só à frente é que poderás ter instrumentos para resolver o passado. Podemos ainda considerar que nada é uma má escolha, e que tudo são apenas escolhas: nem boas, nem más. Foi apenas uma opção, uma marcação num percurso, que mediante a forma como a vivermos nos poderá instruir para o futuro. Todas serão boas escolhas se nos providenciarem experiências positivas para a plena fruição da vida futura, e que daí advenha felicidade ou completa realização pessoal. Pelo bom êxito, todas as escolhas sejam admitidas, mas que sejam feitas… Porque na hesitação, na perpétua consideração, ninguém alcança tipo nenhum de felicidade, nem de existência.


Monday, March 15, 2010

poesia às escuras

Sinto os monstros na minha cabeça.
Ouço cordas, ouço a minha agonia,
lembra-me o negativo de mim
para que nunca o esqueça.

Sinto-me perdida, presa a um tornado
Vejo o meu espírito a ser arrastado.
Penso em parar. Penso em desistir.
Penso em nunca voltar para não existir,
não insistir.

Tudo é demais.
Tudo é acelerado, desconjugado
Tudo consome o melhor que há em mim.

Podia não ter escrito...
Tinha enlouquecido.
Tinha sido.




O sonho da razão produz monstros. - Goya, 1799

Friday, March 05, 2010

amor: o superpoder da levitação

Há na perda do controle aquilo que tu mais queres e aquilo que mais te assusta. É isso que te tira os pés do chão é isso que te faz voar e sentir vivo, porque voar não está previsto. O que surpreende faz te sentir acima dos outros, superioridade altiva e significante. Porque significa uma leveza em relação ao peso do mundo, uma libertação daquilo que controlamos. É uma força que vem debaixo para cima e eleva-nos quando estamos distraídos. Damos por nós e estamos distantíssimos de tudo o que é piso, de tudo o que é terreno, sendo curiosamente o prazer terreno que nos levou para tão longe. É o único meio de nos sentirmos bem fora do sítio, é quando esse sítio consiste no enredo da nossa levitação. Sem asas nem superpoderes ficas no ar, ou nas nuvens como outros disseram.