Monday, March 15, 2010

poesia às escuras

Sinto os monstros na minha cabeça.
Ouço cordas, ouço a minha agonia,
lembra-me o negativo de mim
para que nunca o esqueça.

Sinto-me perdida, presa a um tornado
Vejo o meu espírito a ser arrastado.
Penso em parar. Penso em desistir.
Penso em nunca voltar para não existir,
não insistir.

Tudo é demais.
Tudo é acelerado, desconjugado
Tudo consome o melhor que há em mim.

Podia não ter escrito...
Tinha enlouquecido.
Tinha sido.




O sonho da razão produz monstros. - Goya, 1799

Friday, March 05, 2010

amor: o superpoder da levitação

Há na perda do controle aquilo que tu mais queres e aquilo que mais te assusta. É isso que te tira os pés do chão é isso que te faz voar e sentir vivo, porque voar não está previsto. O que surpreende faz te sentir acima dos outros, superioridade altiva e significante. Porque significa uma leveza em relação ao peso do mundo, uma libertação daquilo que controlamos. É uma força que vem debaixo para cima e eleva-nos quando estamos distraídos. Damos por nós e estamos distantíssimos de tudo o que é piso, de tudo o que é terreno, sendo curiosamente o prazer terreno que nos levou para tão longe. É o único meio de nos sentirmos bem fora do sítio, é quando esse sítio consiste no enredo da nossa levitação. Sem asas nem superpoderes ficas no ar, ou nas nuvens como outros disseram.